tilos_group_copy

Para um efetivo preparo biomecânico, a preocupação com a real configuração anatômica do canal radicular está ganhando mais atenção. O acompanhamento clínico e radiográfico é o critério usado para avaliar a qualidade do tratamento endodôntico, incluindo a avaliação longitudinal de sucesso. Com o avanço da tecnologia em imagem, é fácil perceber que as informações aprendidas no passado foram baseadas em um padrão bi-dimensional, dado pelas imagens radiográficas. Entretanto, essas imagens nos dão apenas uma noção bi-dimensional do espaço interno do canal radicular. Atualmente temos ferramentas para obter uma nova realidade, tridimendisional, facilitando a percepção de que a anatomia interna não acompanha a anatomia externa, e que os canais não são cônicos, o que acreditava-se até então, tomando-se por base apenas o padrão radiográfico.

Fig.1 À esquerda radiografia de dente humano extraído, no sentido mesio-distal (mesma visualização obtida em radiografias intrabucais). À direita o mesmo dente em radiografia vestíbulo-lingual. Fig.1 À esquerda radiografia de dente humano extraído, no sentido mesio-distal (mesma visualização obtida em radiografias intrabucais). À direita o mesmo dente em radiografia vestíbulo-lingual.

O principal objetivo do preparo biomecânico é limpar e formatar o canal radicular, facilitando a obturação3. É pelo preparo biomecânico que se tenta formatar cônica e uniformemente o canal radicular. Porém, muitas vezes este objetivo não é alcançado, principalmente em casos onde os canais não são redondos, e possuem morfologia achatada ou ovalada. É importante saber que a forma cônica com base circular não é uma configuração anatômica comum aos canais radiculares. Estes são mais laminares que circulares, especialmente nos terços coronário e médio6-8.

As interferências do terço cervical sempre foram consideradas um problema, pois transferiam tensão aos instrumentos. Assim, o mundo aprendeu a usar a broca de Gates Glidden para remover tais interferências. A principal limitação desse tipo de broca é o fato de que ela somente é usada na porção reta do canal (terço cervical), enquanto as áreas de achatamento estão concentradas no terço médio dos canais.

Esses achatamentos estão ganhando cada dia mais atenção, uma vez que limitam o toque dos instrumentos com as paredes dos canais e deixam áreas não tocadas, e por sua vez, não limpas.

Nessas áreas críticas de achatamentos, temos a “Zona V". Nessas áreas críticas de achatamentos, temos a “Zona V".

A “Zona V” é a área de extremo achatamento dos canais (figura 3). Essa região não é visível radiograficamente, uma vez que a radiografia nos mostra somente uma visão mesio-distal, e estes achatamentos estão no sentido vestíbulo-lingual.

Limas com pontas finas e variações de conicidade permitem, junto a uma cinemática de limagem, entrar nas áreas de achatamento - Zonas V - limpando e modelando. Assim, os canais ficam cônicos e prontos para o preparo apical com qualquer outro sistema. Temos então a real remoção das interferências, com canais cônicos (corpo cônico das limas), lisos, livres de degraus (movimento de limagem) e limpos (limas que entram e modelam o achatamento).

Seguindo a mesma ideia da necessidade de remoção de interferências antes do preparo, chega ao mercado a ideia da Gates Glidden do futuro, o novo sistema TiLOS, da Ultradent.

TiLOS é acionado por um contra-angulo ARIOS que possui oscilação de 30º, e é constituído de três limas: 1 lima Shapping de aço inoxidável 13/0,03; 1 lima de NiTi 25/0,08 e 1 lima de NiTi 25/0,04.

No mercado odontológico nenhum sistema apresentava essa proposta, uma vez que não se conhecia a anatomia tridimensionalmente. Baseado nestes dados anatômicos destaca-se o Sistema TiLOS, que se baseia na realidade anatômica de cada terço do canal, ou seja, fundamenta seu funcionamento na utilização do metal correto, na área correta do canal, atuando no momento certo.

REFERÊNCIAS

  1. Saito D, Leonardo RT, Rodrigues JL, Tsai SM, Höfling JF, Gonçalves RB Identification of bacteria in endodontic infections by sequence analysis of 16S rDNA clone libraries. J Med Microb. 2006; 55 (Pt 1): 101-7.
  2. Leonardo MR, da Silva LA, Tanomaru Filho M, Bonifácio KC, Ito IY. In vitro evaluation of antimicrobial activity of sealers and pastes used in endodontics. J Endod. 2000; 26: 391-4.
  3. European Society of Endodontology. Quality guidelines for endodontic treatment consensus report of the European Society of Endodontology. Int Endod J. 2006; 39: 921-30.
  4. Leonardo MR, Flores DS, de Paula e Silva FW, de Toledo Leonardo R, da Silva LA. A comparison study of periapical repair in dogs' teeth using RoekoSeal and AH plus root canal sealers: a histopathological evaluation. J Endod. 2008; 34: 822-5. Epub 2008 May 16.
  5. Peters OA. Current challenges and concepts in the preparation of root canal systems: a review. J Endod. 2004; 30: 559-65.
  6. Kerekes K, Tronstad L. Morphometric observations on root canals of human anterior teeth. J Endod. 1977a; 3: 24-9.
  7. Kerekes K, Tronstad L. Morphometric observations on root canals of human premolars. J Endod. 1977b; 3: 74-9.
  8. Kerekes K, Tronstad L. Morphometric observations on root canals of human molars. J Endod. 1977c; 3: 114-8.
  9. Fischer D. Root canal preparation with Endo-Eze AET: changes in root canal shape assessed by micro-computed tomography. Int Endod J. 2005; 38: 456-64.
  10. Riitano F. Anatomic Endodontic Technology (AET) – a crown-down root canal preparation technique: basic concepts, operative procedure and instruments. Int Endod J. 2005; 38: 575-87.
  11. Cheung GS, Liu CS. A retrospective study of endodontic treatment outcome between nickel-titanium rotary and stainless steel hand filing techniques. J Endod. 2009; 35: 938-43.
  12. Grande NM, Plotino G, Butti A, Messina F, Pameijer CH, Somma F. Crosssectional analysis of root canals prepared with NiTi rotary instruments and stainless steel reciprocating files. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2007a; 103: 120-6.
  13. Bellucci C, Perrini N. A study on the thickness of radicular dentin and cementumin anterior and premolar teeth. Int Endod J. 2002; 35: 594-606.
  14. Palo RM, Leonardo RT, Iglecias EF, La Anatomia Radicular y sus Implicancias en la Instrumentación Endodóntica: Comprendiendo la Zona V. Revista de la Sociedad de Endodoncia de Chile, n23, 2011, p.08-11